Planejamento, gestão e treinamento: sucesso para o saneamento
in Saneamento Básico

Planejamento, gestão e treinamento: sucesso para o saneamento

Casos de sucesso em saneamento evidenciam que além do investimento, é necessário planejamento, gestão e treinamento.

Na reportagem “Cidades do Brasil dão exemplo em saneamento básico”, publicada pelo portal G1, dois importantes fatos são evidenciados:

  1. quando o tema é saneamento básico, há muito ainda o que ser feito no Brasil (leia também sobre alguns gargalos existentes no país);
  2. para que resultados concretos sejam alcançados (e exemplos existem), não bastam os investimentos vultuosos sem que haja também planejamento, gestão e treinamento.

 

Elencando “casos de sucesso que podem servir de inspiração para mais avanços em um setor fundamental para a saúde e a qualidade de vida das pessoas”, a matéria aponta Franca (SP), Uberlândia (MG), Maringá (PR) e Palmas (TO) como exemplos de localidades onde problemas relacionados ao saneamento básico foram, se não completamente resolvidos, ao menos drasticamente reduzidos.

Franca

Franca, por exemplo, “ocupa há quatro anos a primeira colocação do Ranking do Saneamento das 100 Maiores Cidades, elaborado anualmente pelo Instituto Trata Brasil”; esse ranking “avalia a evolução dos indicadores nos maiores municípios do país”. Mas não é só isso: em 2017, Franca ficou em 5º lugar no Ranking da Universalização do Saneamento, que é elaborado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes).

Para alcançar a quase universalização do fornecimento de água e da coleta e tratamento de esgoto, a cidade teve, sim, que investir: foram de R$ 300 milhões desde 2012, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). No entanto, “os investimentos não explicam sozinhos a boa situação do saneamento básico de Franca. A Sabesp os vê como reflexo de políticas de longo prazo adotadas por diferentes administrações, que priorizaram planejamento e gestão”, afirma a reportagem.

Outros elementos fundamentais nesse processo que geraram bons resultados são: treinamento permanente de equipes e comprometimento em melhorar a qualidade de vida das pessoas e as condições do meio ambiente. É o que afirma à reportagem o superintendente da Sabesp para a região, Gilson Santos de Mendonça “Um resultado direto desses números está na saúde da população”, salienta a matéria, que aponta: “Franca teve 460 internações por doenças diarreicas entre 2007 e 2015, enquanto Ananindeua (PA), a pior colocada no ranking do Trata Brasil, teve 36.473 (um número 79 vezes maior)”.

Uberlândia

Já Uberlândia é elencada pelas seguintes razões: o índice de coleta de esgoto é de 97,23%, sendo que todo ele é tratado; o abastecimento de água chega a 100% da população; as perdas na distribuição caíram, segundo o Instituto Trata Brasil, de 28,4% em 2016 para 25,54% em 2017. Segundo o DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgoto), órgão responsável pelo saneamento básico na cidade mineira, “um dos fatores que levam a esses resultados é o planejamento de longo prazo”.

Outro diferencial elencado pela empresa, e que também faz parte de esforço de planejamento, gestão e treinamento, é a busca pela economia: “Um exemplo é o uso, desde 1970, de adutoras produzidas por uma fábrica própria, o que reduz custos. Além disso, o DMAE emprega turbinas hidráulicas nos sistemas de produção e tratamento de água. Com isso, a energia elétrica consumida é de apenas 8% do valor arrecadado, contra uma média de 30% em outras empresas do setor”, diz a reportagem.

Maringá

Maringá, a terceira maior cidade do Paraná tem “100% da população atendida por fornecimento de água e coleta de esgoto, restam apenas pouco mais de 14 mil pessoas sem tratamento de esgoto, ou 3,7% dos moradores”.

Outros números da cidade paranaense: as perdas de água chegam a 22,51% (abaixo da média nacional de 37%); ela está em 5º no ranking do Instituto Trata Brasil e em 4º no ranking de universalização do saneamento da Abes.

A cidade recebeu R$ 250 milhões em recursos para água e esgoto desde 2011, mas “o foco na administração por resultados também é fundamental para o sucesso do saneamento básico em Maringá, com a análise periódica de indicadores, a identificação de desvios e o monitoramento de ações”. É o que diz o diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Mounir Chaowiche.

Segundo ele, a Companhia “adotou um Modelo de Excelência em Gestão (MEG), que visa a capacitação de seus funcionários e a busca por processos padronizados e o aumento da eficiência”.

Palmas

Já na capital mais nova do país, Palmas, no Tocantins, “o fornecimento de água foi praticamente universalizado (atinge 99,99% da população). Já a coleta de esgoto chega a 92% moradores, sendo que todo ele é tratado”. Desde 2012, foram investidos R$ 300 milhões no saneamento da cidade, gerenciado por uma empresa privada.

Essas cidades são alguns exemplos de que é, sim, possível alcançar excelentes resultados no saneamento. Mas é preciso planejamento, gestão e treinamento para as equipes, além de visão de longo prazo, continuidade nas ações de melhoria independente das mudanças de governos, e busca pelo bem-estar de todos. Em síntese, é preciso maior comprometimento.

 

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