Building Information Modeling pode minimizar problemas de saneamento no país.

No texto “Obras do PAC: os gargalos enfrentados pelo Brasil” analisamos o relatório “De olho no PAC”, produzido e publicado pelo Instituto Trata Brasil. O objetivo do documento é o de acompanhar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento relacionadas à água e esgotos nas cidades com mais de 500 mil habitantes.

A conclusão a que o relatório chega é: a concretização dos empreendimentos não é satisfatória por causa de “entraves e gargalos típicos do setor”, que “continuam a gerar atrasos, paralisações e cancelamentos de contratos de obras de grande abrangência e impacto em todo o país”. Dentre às realidades apontadas como problemáticas para o cumprimento dos cronogramas, estão:

• Os atrasos e inadequações na elaboração de projetos executivos.
• Reprogramações dos contratos para prorrogações dos prazos.
• Ampliação de escopo dos projetos.
• Subdivisão em etapas que demandem licitações e contratações específicas.
• Rescisões de contratos por não cumprimento de prazos ou por abandono das obras.
• Cancelamentos dos projetos por parte dos proponentes/tomadores dos recursos.

Falta de planejamento e gestão: os principais problemas do saneamento.

Em outras palavras, alguns dos principais problemas são planejamento e gestão inadequados e ineficientes dos projetos e das obras. No entanto, existem soluções que levam essas inadequações e ineficiências a níveis mínimos, aumentando o grau de precisão dos projetos. E a plataforma BIM (Building Information Modeling) é uma das mais ilustres ferramentas.

Exemplo dessa elaboração de modelagem para o saneamento, é o caso do Plano Diretor para Sistema de Tratamento de Esgoto com Cenário para 2041 na Região dos Lagos no Rio de Janeiro, elaborado pela AEGEA. Esse plano foi um dos 17 vencedores do “Prêmio Be Inspired 2017”, da Bentley Systems, e venceu na categoria “Avanços BIM em Redes de Água, Esgoto e Drenagem”. Esse prêmio tem como objetivo avaliar e reconhecer projetos de infraestrutura que utilizam a plataforma BIM.

Como a plataforma BIM pode ser definida e quais inovações ela apresenta com relação a outros métodos de planejamento de obras.

No primeiro volume da coletânea “Implementação do BIM para Construtoras e Incorporadoras”, publicada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Senai, o BIM é assim definido:

• “Building Information Modeling – BIM é um conjunto de políticas, processos e tecnologias que, combinados, geram uma metodologia para gerenciar o processo de projetar uma edificação ou instalação e ensaiar seu desempenho, gerenciar as suas informações e dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em objetos virtuais), através de todo seu ciclo de vida.
• BIM é um processo progressivo que possibilita a modelagem, o armazenamento, a troca, a consolidação e o fácil acesso aos vários grupos de informações sobre uma edificação ou instalação que se deseja construir, usar e manter. Uma única plataforma de informações que pode atender todo o ciclo de vida de um objeto construído.
• BIM é uma nova plataforma da tecnologia da informação aplicada à construção civil e materializada em novas ferramentas (softwares), que oferecem novas funcionalidades e que, a partir da modelagem dos dados do projeto e da especificação de uma edificação ou instalação, possibilitam que os processos atuais, baseados apenas em documentos, sejam realizados de outras maneiras (baseados em modelos) muito mais eficazes.”

As ferramentas BIM, portanto, oferecem soluções eficazes para os problemas relacionados aos desafios do planejamento, da projeção e do gerenciamento de obras; problemas que, como revelam os relatórios do “De olho no PAC” e muitos outros documentos e reportagens, ajudam a formar o gargalo no caminho da concretização dos empreendimentos e no cumprimento dos cronogramas.