A falta de saneamento básico no Brasil
27% dos brasileiros não têm nenhum atendimento de coleta sanitária.
Ou seja: falta de saneamento básico. Os dados são do Atlas Esgotos, publicado no segundo semestre do ano passado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.
E tem mais: isso não significa que os 73% da população restante receba atendimento completo de coleta sanitária. Ainda segundo o Mapa, apenas 55% dos brasileiros possuem tratamento considerado adequado (43% têm esgoto coletado e tratado, e 12% utilizam-se de fossa séptica, uma solução individual). Ao todo, 45% dos brasileiros não possui tratamento de esgotos (27% sem nenhum atendimento e 18% têm seu esgoto coletado mas não tratado).
Segundo esse relatório, mais de 110 mil km de trechos de rio estão com a qualidade comprometida, sendo que em 83.450km não é mais permitida a captação para abastecimento público devido à poluição. Além disso, em 27.040km a captação pode ser feita, mas requer tratamento avançado.
Dado o diagnóstico, o Atlas do Esgoto propõe soluções para saneamento básico e expõe projeções até o ano de 2035. O documento divide em os municípios em três grupos. O critério é a chamada “situação institucional”. Veja:
• Grupo A
Formado por 1282 municípios, tem situação consolidada, possui 1105 toneladas de DBO/dia para remover (sendo DBO o parâmetro de medição de poluição). Para esse grupo, apenas o investimento em obras é recomendado: R$ 42 bilhões até 2035 (36% em tratamento e 64% em coleta).
• Grupo B
Formado por 1690 municípios, tem uma situação institucional intermediária e possui 1197 toneladas de DBO/dia a serem removidos. Para esse grupo, além do investimento em obras, é recomendado o desenvolvimento institucional. A projeção é que, para o Grupo B, até 2035 sejam investidos R$ 54,2 bilhões em saneamento básico (37% em tratamento e 63% em coleta).
• Grupo C
Neste grupo está incluída a maioria dos municípios brasileiros: 2598 deles, para sermos mais exatos. Avaliados com um nível de situação institucional básico, além do desenvolvimento institucional e do investimento em obras, esses municípios precisam estruturar a prestação de serviços de esgotamento sanitário. É também o grupo que tem uma maior tonelagem de DBO/dia a ser removido: 1298 toneladas. Para esses municípios, a previsão é de que seja investido R$ 53,3 bilhões até 2035 (24% desse valor em tratamento, 76% em coleta).
Conclusão: há muito ainda a ser feito no país quando o assunto é esgotamento sanitário e saneamento básico. “Dados recentes mostram que, dentre 200 países, o Brasil está em 112º lugar no Índice de Desenvolvimento do Saneamento. Esse é um dado vergonhoso para um país que se constitui em uma das 10 economias mais fortes do mundo. Isso revela que, para o desenvolvimento de uma nação, é preciso mais do que as cifras do seu PIB”, avalia João Sergio Cordeiro, Diretor Executivo de Sustentabilidade da Allevant.