Estação de tratamento de água: uma percepção analítica dos resíduos
Como uma estação de tratamento de água pode aprender a lidar com os resíduos de dejetos de forma analítica e conjunta com engenheiros e gestores.
Os sistemas produtores de água têm sido vistos de forma pontual, com foco na qualidade do produto (água tratada), sem considerar a geração de grandes volumes de resíduos – produzidos como consequência do tratamento da água – e sua disposição.
Qualquer planejamento e gestão, se bem feito, pressupõe uma percepção clara e precisa da relação entre o todo e as suas partes, bem como uma atenção voltada às causas e consequências das ações orientadas pelo plano.
Falar em “Sistema de Saneamento Básico” portanto, não é à toa, já que o conceito de sistema pode ser definido como a combinação de partes reunidas que visam concorrerem para um resultado, de modo a formarem um conjunto.
As divisões dentro da estação de tratamento de água.
O grande todo chamado de Sistema de Saneamento Básico é composto por partes que, por sua vez, formam sistemas menores. Tradicionalmente, esses sistemas componentes podem ser divididos em:
- Sistemas de Abastecimento de Água – SAA
- Sistemas de Esgotos Sanitários – SES
- Sistema de Resíduos Sólidos Urbanos – SRSU
- Sistema de Drenagem Urbana – SDU
Mas embora “sistema” pressuponha uma relação harmonizada entre o todo e as suas partes, não é o que se nota quando o assunto é planejamento e gestão do saneamento básico no Brasil. Aqui, a sistemática de atuação organizacional tem se pautado por empreender ações que nem sempre condizem efetivamente com seu papel.
A gerência desses sistemas tem sido realizada de maneira compartimentada, como se cada um deles realizasse suas atividades sem interferências sensíveis nos demais. Ações isoladas apresentam impactos positivos sobre a saúde, o que demonstra sua necessidade, mas não é o suficiente. Para a efetiva implantação de determinado empreendimento, existe a necessidade de:
- planejamento
- projeto
- execução
- operação
- manutenção
- verificação
- análise
E nessas várias etapas, a compreensão dos principais aspectos e respectivas inter-relações entre os sistemas e a gestão efetiva de todas as fases componentes, pode proporcionar a retroalimentação de informações, identificação de pontos críticos e o planejamento de novos projetos, resultando na melhoria contínua do empreendimento.
A deficiência da percepção analítica na estação de tratamento de água
A deficiência da percepção analítica, principalmente no estudo do saneamento básico, ou seja, da relação entre partes e todo, começa na formação dos engenheiros. Nessa formação, a ênfase maior é dada a projetos que têm como foco preponderante as redes de transporte (água, esgotos, águas pluviais). É muito recente no Brasil a preocupação, por exemplo, com o destino final dos resíduos produzidos nos sistemas sanitários de água e esgoto.
Uma análise um pouco mais aprofundada sobre esses resíduos, desafios e problemas que eles representam para a gestão de saneamento, saúde pública e o meio ambiente, será feita no próximo artigo. Se ainda não leu o artigo anterior sobre o assunto, clique aqui.
Leave a Reply