Trata Brasil diz que “avanços são pouco relevantes” no saneamento
Novo ranking do saneamento mostra que a tão necessária universalização dos serviços não acontecerá sem um maior engajamento dos prestadores e do comprometimento dos governos.
Após pesquisa, Instituto Trata Brasil mostrou que 83% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada; quase 100 milhões (47,6%) ainda não tem acesso à coleta de esgoto; 64% dos esgotos não são tratados; 38% da água tratada é perdida antes de chegar às residências; mais de 35 milhões (16,53%) de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água tratada; 51% da população não tem acesso à coleta de esgoto.
O que esses dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS – ano base 2017) mostram?
Segundo o novo Ranking do Saneamento Básico, produzido pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados, tais números revelam “que os avanços são pouco relevantes”, e que, assim, o Brasil “fica cada vez mais distante de atingir as principais metas de saneamento básico, especialmente as oficializadas pelo Brasil na ONU – Organização das Nações Unidas”. (Veja aqui que não é só esse ranking que evidencia isso).
O objetivo do estudo, publicado desde 2007, é atualizar o Ranking do Saneamento, e, segundo o Trata Brasil, esse esforço tem sido fundamental para:
- Revelar a lentidão com que avançam os serviços de água, coleta e tratamento de esgotos no Brasil;
- Constatar que a tão necessária universalização dos serviços não acontecerá sem um maior engajamento dos prestadores e do comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 6), da ONU, tem como meta “Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todas e todos até 2030”. Mas segundo o Trata Brasil, se mantivermos os baixos investimentos dos últimos anos, esses próximos onze anos não bastarão e “o país ficará distante de cumprir mais este compromisso internacional”.
Compromisso internacional, sim; mas que deveria ser primeiramente um compromisso dos governos para com os milhões de brasileiros que não têm água tratada, esgoto recolhido ou tratado; um compromisso para com a saúde e a qualidade de vida dessas pessoas. Mais do que um compromisso: é um dever.
Relatório do Trata Brasil mostra as grandes cidades como “exemplo”
“Como exemplo da situação nas grandes cidades, das 100 maiores:”
- 90 apresentam mais de 80% da população com água tratada;
- Em contrapartida, somente 46 cidades possuem mais de 80% da população com coleta de esgotos.
A situação do esgotamento sanitário e da perda de água é pior:
- Somente 22 municípios tratam mais de 80%;
- Mais de 80% dessas grandes cidades têm perdas superiores a 30%.
Tudo isso, conclui o Trata Brasil, “mostra haver um grande desafio a ser vencido”. O problema é evidente. E se é verdade que ele não será resolvido sem uma grande soma de investimentos, também é verdade que será impossível vencê-lo sem que as equipes de gestão e execução estejam devidamente capacitadas para estarem à altura desse desafio.
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